sábado, 21 de fevereiro de 2015

Casos de Concordância Verbal


Uso da expressão “um dos que”

“Paula foi uma das nossas alunas que venceram o concurso com nota máxima”.

Quer dizer que várias alunas venceram o concurso com nota máxima, e Paula foi uma delas.
Nesse caso, o antecedente do pronome relativo que é alunas. Observe que a oração iniciada pelo que é subordinada adjetiva restritiva: que venceram o concurso com nota máxima.

___________________________

“Paula foi umas das nossas alunas, que venceu o concurso com nota máxima.”
Nesse caso, o antecedente do pronome relativo que é Paula. O normal é que haja vírgula antes do que.  
Aqui, temos uma oração subordinada adjetiva explicativa, em uma ordem pouco comum.
A ordem comum (e talvez a mais adequada) seria: “Paula, que venceu o concurso com nota máxima, foi uma das nossas alunas”. 
Quer dizer que, das nossas alunas, apenas Paula atingiu a nota máxima.
Portanto, o uso do singular ou do plural provoca uma alteração de sentido na informação transmitida.

Obs.: Essa abordagem está registrada no Curso Prático de Gramática, de Ernani Terra. Cegalla, em sua Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, apresenta abordagem parecida, mas acrescenta alguns outros dados.


Estudos gramaticais


Irregularidade verbal

Há verbos que fogem ao padrão regular de conjugação, o que torna o seu emprego mais complexo para os usuários da língua, tanto falada quanto escrita. Alguns apresentam uma pequena irregularidade; em outros casos, a irregularidade é extrema, provocando uma dificuldade maior de emprego. Estarão arrolados aqui alguns casos mais práticos, que fazem parte, realmente, do uso cotidiano. 

“Cuidado, Pedro! Se você pôr o brinquedo aí, alguém pode roubá-lo.”

O verbo pôr apresenta uma irregularidade que se estende aos seus derivados. É nesse ponto que se manifesta mais a importância de seu estudo. O futuro do subjuntivo do referido verbo apresenta formas irregulares; assim acontece com os seus derivados, como propor, repor, compor, entre outros. Atenção: o emprego da conjunção “se” (subordinativa condicional) na sentença acima não modifica o tempo verbal.
Assim, em vez de “se você pôr”, a forma adequada é “se você puser...”.  Isso vale para outras pessoas gramaticais: se nós pusermos, se eles puserem...
Alguns exemplos com os derivados do verbo pôr:

Inadequado
Adequado
“Quando a empresa propor o acordo, acho que vou aceitar.”

“Quando a empresa propuser o acordo, acho que vou aceitar.”

“Depois que repormos o estoque, conversaremos com os novos fornecedores.”
“Depois que repusermos o estoque, conversaremos com os novos fornecedores.”
“Se ele compor músicas engajadas, fará muito sucesso.”
“Se ele compuser músicas engajadas, fará muito sucesso.”

A irregularidade acontece também com outros verbos de uso constante: dizer, fazer, vir, entre outros. A seguir, seguem alguns exemplos. Nos casos em que há incorreção, a forma correta se apresenta entre parênteses após o verbo:

“Se você disser que eu desafino, amor...” (“Desafinado”, Tom Jobim)
“Se você vier pro que der e vier comigo...” (“Dia branco”, Geraldo Azevedo)
“Se eu honrar e bendizer (bendisser) ao meu Senhor, obedecer, eu comerei do melhor desta terra...” (“Palavra fiel”, Nani Azevedo)  

Uma importante observação:

A citação de obras e autores aqui não tem a intenção de denegrir a imagem ou a competência linguística de quem quer que seja. É apenas um registro de dificuldades de linguagem que são comuns e possíveis a qualquer usuário da língua portuguesa, dada a sua complexidade.